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Leptospirose

Autor: Assessoria Científica

A leptospirose é uma zoonose de grande importância mundial, causada por uma bactéria do gênero leptospira. A infecção ocorre pelo contato direto ou indireto com a urina de animais infectados (principalmente ratos), podendo ser transmitida por água, lama ou outras superfícies contaminadas pela bactéria.

Em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 3.128 casos confirmados de leptospirose, com 258 óbitos e uma taxa de letalidade equivalente a 8,2%. Trata-se de uma doença endêmica que se torna epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e nas regiões metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores infectados.

O período de incubação, ou seja, intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

Pessoas infectadas pela bactéria podem apresentar, na primeira semana, chamada de fase precoce, febre de início súbito acima de 38°C, calafrios, dor de cabeça, dor muscular, principalmente na panturrilha, falta de apetite, náusea e vômitos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% dos pacientes podem apresentar olhos vermelhos, uma característica marcante da doença.

Quadros mais graves ocorrem em aproximadamente 15% dos indivíduos, a partir da segunda semana, quando há aumento da produção de anticorpos. Os principais sintomas são icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal, alteração no nível de consciência e hemorragia. A mortalidade é de 10% e pode chegar a 50% quando ocorre hemorragia pulmonar.

O diagnóstico precoce da leptospirose é de extrema importância, já que os sintomas podem ser confundidos com o de outras doenças febris. Além disso, acredita-se que o tratamento no período inicial da doença possa beneficiar o paciente evitando a evolução para a forma grave da doença. O rastreio para diagnóstico específico pode ser feito a partir da coleta de sangue no qual será verificado se há presença de anticorpos para leptospirose ou a presença da bactéria. O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva em que se encontra o paciente.

Os testes sorológicos são as principais formas de rastreio, a pesquisa de anticorpos IgM é útil para o detecção precoce da leptospirose com a coleta de amostras na fase aguda da doença, devido à alta sensibilidade é possível determinar os anticorpos IgM de 4 a 5 dias depois do surgimento dos sintomas clínicos, os quais podem persistir por cerca de cinco meses após o estímulo.

Em combinação com a pesquisa de anticorpos IgM, o Teste de Aglutinação Microscópica (MAT), é o padrão ouro recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Este exame é utilizado para confirmar os casos de leptospirose, por meio de uma técnica baseada na aglutinação antígeno-anticorpo, que identifica anticorpos de ambas as classes, IgM e IgG, fornecendo o provável sorogrupo infectante por utilizar um painel de variantes sorológicas representantes dos principais sorogrupos circulantes. As medidas de prevenção e controle da leptospirose incluem: cuidados com a água para consumo humano, garantindo a utilização de água potável; evitar o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos; manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores; limpeza de reservatórios domésticos de água (caixa-d’água e cisternas); entre outros.

A pessoa que apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo, alguns dias depois de ter entrado em contato com possíveis meios de infecção, deve procurar orientação médica. A leptospirose é uma doença curável, para a qual o diagnóstico e o tratamento precoces são a melhor solução.

Referências

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Fiocruz. Leptospirose: transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção. Acesso em: <campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/leptospirosetdtp>

Ministério da Saúde. Saúde de A a Z: Leptospirose. Acesso em: <www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose>

Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde - 5. ed., 2021. Acesso em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_5ed_rev_atual.pdf>

Ministério da Saúde. Leptospirose: diagnóstico e manejo clínico, 2014. Acesso em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/leptospirose-diagnostico-manejo-clinico2.pdf>

Revista Brasileira de Análises Clínicas. Leptospirose: Características da enfermidade em humanos e principais técnicas de diagnóstico laboratorial. Acesso em: <www.rbac.org.br/artigos/leptospirose-caracteristicas-da-enfermidade-em-humanos-e-principais-tecnicas-de-diagnostico-laboratorial/>

Revista Instituto Adolfo Lutz. Avaliação do teste de aglutinação microscópica utilizando-se como antígeno leptospiras saprófitas para o diagnóstico da leptospirose humana. Acesso em: <www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/rial/10/rial74_2_completa/pdf/artigosseparados/1641.pdf>

Medicina NET. Leptospirose atualização. Acesso em: <www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/7027/leptospirose_atualizacao.htm#:~:text=A%20leptospira%20pode%20ser%20recuperada,da%20%C3%8Dndia%2C%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20recomendada.>

Brazilian Journal of Health Review. Revisão sobre as principais técnicas de diagnóstico de leptospirose. Acesso em: <ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/32978>

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